Que surpresas pode ter a primeira lista de Portugal de Roberto Martínez?
por Claudio Ferreira | por Claudio Ferreira
Os nomes que podem ser chamados por Roberto Martínez
Nomeado pela Federação Portuguesa de Futebol para trazer de volta a Seleção das Quinas ao primeiro plano mundial, exigindo-lhe abertamente que no mínimo Portugal atinja as meias-finais em qualquer competição em que participe, Roberto Martínez deverá transformar a equipa em várias frentes. Apesar da equipa principal das Quinas ter conquistado os seus títulos com Fernando Santos (Euro 2016, Liga das Nações 2019), o agora selecionador da Polónia não resistiu às oscilações de resultados, com os fracassos no Mundial 2018 e Euro 2020 (sempre nos oitavos de final) e o balanço mitigado no Mundial 2022.
O fator determinante para o virar da página da Federação, prender-se-ia com a contestação dos adeptos face às exibições desenxabidas de Portugal, numa altura em que Portugal possui quiçá, da melhor geração (em qualidade e quantidade) de todos os tempos. A insatisfação perante o futebol aborrecido de Fernando Santos, a quem se apontava o facto de ser demasiado conservador, de correr poucos riscos jogando até, muitas vezes, como uma equipa pequenininha frente a adversários com alguma qualidade, terá tido razão do experiente selecionador.
Assim sendo, fica evidente que Roberto Martínez chegou para revolucionar este padrão, indo ao encontro do ‘Ferrari’ que os portugueses julgam que é a Seleção portuguesa. E com tantos nomes a atuarem pelos melhores clubes europeus, não se pode discordar. Por outro lado, enquanto selecionador da Bélgica, o espanhol provou que era capaz de cortar com os desenhos táticos mais comuns, uma vez que atuava muitas vezes com três defesas e dois pitons nos corredores. E esta primeira lista poderá ser um claro sinal de distanciamento com os padrões anteriores.
Betclic oferece um bónus hojeGuarda-redes habituais
Esta não é a posição onde é esperada qualquer revolução. Rui Patrício foi dono e senhor da baliza nacional na última década, sendo que no recente Mundial, Diogo Costa parece ter ganho o lugar que lhe era apontado: o sucessor natural do porteiro da Roma. O jovem do FC Porto pode não ter convencido os mais desatentos no Qatar, mas ninguém pode duvidar de que o titular da baliza do campeão nacional é de facto um fora de série. Para além de reflexos incríveis e de uma leitura apurada, também dispõe de um jogo de pés muito evoluído, que deve ir ao encontro com o futebol de posse reclamado pelos portugueses. Depois, entre José Sá e Rui Silva, qualquer um dá garantias.
Diogo Costa, Rui Patrício, José Sá (3)
Defesas centrais: incidências em cadeia?
É desta posição que vai depender esta primeira lista e as próximas. Se o Roberto Martínez optar por manter uma defesa com dois defesas centrais, pode não haver grandes surpresas. Contudo, o intocável Pepe não atuou na Liga dos Campeões esta semana, frente ao Inter de Milão e será provavelmente substituído por outro atleta, podendo ser Gonçalo Inácio.
A lesão do portista pode baralhar a leitura do que será esta Seleção a médio prazo, pois o jovem leão poderia ser convocado na mesma, como quarto elemento para o eixo defensivo. Poderia até entrar como quinto elemento, se de facto a ideia fosse atuar com três centrais. Nestas circunstâncias também Tiago Djaló pode entrar na equação, tendo finalmente conquistado um espaço importante no onze do Lille.
Provavelmente o atleta orientado por Paulo Fonseca será posto na balança com outro atleta do campeonato francês: Danilo Pereira. O jogador do PSG não é apenas um jogador polivalente, colecionando exibições convincentes a defesa central, ainda mais no sistema de três centrais implementado por Galtier no emblema parisiense. O campeonato gaulês até pode ficar a ganhar com Roberto Martínez, que pode convocar os dois, enquanto Ruben Dias e António Silva são intocáveis.
Ruben Dias, António Silva, Gonçalo Inácio, Danilo e Tiago Djaló (5)
Betano oferece um bónus hojeLaterais bem entregues
Trata-se de uma função muito importante num sistema com três defesas, mas os laterais que Fernando Santos costumava convocar também atuavam muitas vezes em esquemas semelhantes nos respetivos clubes. São os casos de Raphaël Guerreiro, João Cancelo e Nuno Mendes, sendo que Diogo Dalot tem claramente aptidões necessárias para fazer o corredor sozinho.
No entanto, alguns nomes poderiam ter aspirações legítimas, independentemente da qualidade dos mais habituais. Por exemplo, Nuno Tavares tem feito uma grande época no Marselha, contribuindo até com golos, tendo predisposições naturais para atuar em toda a verticalidade. Nuno Santos, que há dias ficou nas bocas do mundo pelo golo sensacional de letra, também teria possibilidades. Mas de facto, as alas parecem estar tapadas e bem entregues pelos quatro habituais.
João Cancelo, Diogo Dalot, Raphaël Guerreiro e Nuno Mendes (4)
Betclic oferece um bónus hojeTrinco (d)estabiliza as previsões
Este é talvez o cargo que deixa mais dúvidas, e já era assim era Fernando Santos. Houve tempos com Danilo, outros com William que depois começou a atuar mais à frente do jogador do PSG. Mais recentemente, Rúben Neves também fez várias vezes a posição. O antigo Selecionador nunca teve um trinco titularíssimo, e talvez se devesse apontar o dedo antes à dinâmica geral do meio campo do que a qualquer unidade. Agora, olhando friamente para os feitos, nenhum dos nomes foi consensual, muito menos entre os adeptos da equipa nacional.
E se Roberto Martínez tirasse partido destes factos para iniciar a sua revolução, para lá do esquema de jogo acima evocado? Não é segredo para os fãs mais assíduos da Premier League, João Palhinha é um dos médios recuados em maior destaque nesta liga, e logo em época de estreia! Nem atua sequer numa equipa grande, jogando no recém promovido Fulham, orientado por Marco Silva. Peça preponderante na excelente época do emblema londrino, vários tubarões estão atentos ao internacional português. Médio mais posicional, mas com ‘grande pulmão’, consegue impor o físico, mas também é eficaz nas saídas com bola, emprestando bastante dinâmica à equipa.
O mesmo se pode dizer do jovem Florentino Luís! O Benfica tem feito uma temporada fantástica, tanto no plano nacional como internacional, e o jogador formado na Luz não é estranho a este sucesso. É dos jogadores que mais corre e recupera bolas, seja na Primeira Liga ou na Liga dos Campeões, conseguindo entregar a mesma, sempre ‘redondinha’ aos colegas. A capacidade deste médio defensivo é notável a equilibrar a equipa, deixando os companheiros da frente muito mais descansados. Pode claramente ser uma das surpresas na convocatória, e seria bastante judicioso por parte de Roberto Martínez, tirar partido da excelente dinâmica encarnada, com este e outros elementos.
Palhinha, Florentino (2)
Bwin oferece um bónus hojeNúmeros 8 e 10 para todos os gostos
O ‘Mister’ pode desenhar qualquer tipo de meio campo, com o leque impressionante de jogadores de qualidade selecionáveis. Afinal, o próprio assumiu que a lista inicial contava 200 nomes, e os médios devem ter grande contributo para nesse volume. Procedendo por… convocação, Bernardo Silva e Bruno Fernandes são certezas. Procedendo, agora sim, por eliminação, Renato Sanches tem estado sempre lesionado, enquanto Matheus Nunes pode ser vítima da péssima temporada do Wolverhampton. Dois nomes que têm claramente o perfil de ‘oito’. Naturalmente, acabará por surgir o nome de Otávio, que para além da qualidade e energia que dá ao jogo, é versátil e nunca desiludiu nas Quinas.
Para completar, João Mário tem jogado como médio exterior, mais afastado das tarefas defensivas do Benfica, e por isso, pode ter o nome reservado para setores mais periféricos. Nestas condições, William Carvalho deve ser um dos nomes chamados. Se Fernando Santos insistia com o jogador do Betis na posição oito - apesar de ter recuado (e bem) o médio no último Mundial - pode ser uma das peças polivalentes à disposição de Martínez, que dificilmente vai ‘dispensar’ um dos mais internacionais logo à primeira. Prevê-se ainda a convocação de alguns falsos extremos/avançados que também possam entrar na equação nuclear, à semelhança do que Otávio faz, neste caso em sentido inverso.
William Carvalho, Otávio, Bernardo Silva e Bruno Fernandes (4)
Betano oferece um bónus hojeEntre extremos e médios polivalentes, existem dúvidas
João Mário, acima citado, encaixa perfeitamente no perfil do médio capaz de jogar por dentro e por fora. A fazer uma temporada de sonho na Luz, este é um nome quase garantido. No Qatar, João Félix marcou bastantes pontos na articulação entre o meio campo e o ataque e também pode encaixar neste perfil, embora com um papel mais ofensivo, oferecendo uma imprevisibilidade sempre apreciável. Com um papel mais fixo, vários nomes podem entrar, sendo que Rafael Leão é um futebolista raro, com uma qualidade inquestionável, cuja chamada parece inevitável. Finalmente, a última vaga pode decidir-se entre Ricardo Horta e Pedro Gonçalves, sendo que aqui, optamos pelo bracarense, uma vez que Pote pode ficar noutra posição…
João Mário, João Félix, Rafael Leão, Ricardo Horta (4) 22
Bwin oferece um bónus hojeAvançados fixos, móveis… e cativos?
Imediatamente após a sua nomeação enquanto Selecionador luso, Roberto Martínez viajou até ao Médio Oriente para se encontrar com Cristiano Ronaldo. Não há dúvidas de que o melhor marcador de sempre vai estar na lista, tendo reservado o seu lugar mesmo antes da escala no Qatar, rumo à Arabia Saudita. No Mundial justamente, a nova coqueluche das Quinas acabou por ser Gonçalo Ramos, depois do memorável ‘hattrick’ aplicado à Suiça nos oitavos de final. Nem de propósito, um sinônimo de neutralidade acabadinho de ser evocado, Pedro Gonçalves pode ‘apaziguar’ o clima de clubismo bem português.
A chamada de Gonçalo Inácio não seria suficiente e Pedro Gonçalves é um dos nomes que mais agita os debates nos bastidores lusos. A verdade é que Pote sempre mereceu a convocatória, mas foi sempre vítima da forte concorrência na frente, podendo ser este o momento ideal, por vários motivos. Para além da tal ‘neutralidade’, não há dúvidas de que a primeira convocatória do novo Selecionador também tem que ser 'politicamente correta’ e unir o país. Preocupado em ser consensual, logo à entrada, o treinador de origem espanhola também deve aproveitar o momento de menor fulgor de André Silva, e de Diogo Jota à procura da melhor forma.
Cristiano Ronaldo, Gonçalo Ramos, Pote (3)