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Benfica em crise: quem é culpado?

por Claudio Ferreira | por Claudio Ferreira

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O campeão português perdeu novamente (e com estrondo) na Liga dos Campeões. Embora tenha marcado o seu primeiro golo na casa da Real Sociedad continua a não somar qualquer ponto! Vai ser esta a pior campanha encarnada na Champions?

Um fetiche que ninguém quer apontar

Um fetiche que ninguém quer apontar - crise no Benfica

Quando Roger Schmidt chegou à Luz no verão de 2022, poucos adeptos conheciam o trabalho do técnico alemão e tinham uma vaga recordação do PSV Eindhoven que o Benfica de Jorge Jesus tinha eliminado no playoff de acesso à Liga dos Campeões 2021-2022. A equipa holandesa era orientada por Roger Schidt.

No entanto, num curto espaço de tempo, o alemão de 56 anos convenceu os adeptos encarnados e encantou também a comunicação social nas primeiras semanas, e assim foi ao longo de uma primeira época sensacional ao comando do Benfica.

No entanto, na reta final, a equipa começou progressivamente a quebrar o rendimento, responsabilizando-se então a longa e competitiva época das águias, que voou até aos quartos de final da Liga dos Campeões, competição em que deixou excelentes apontamentos frente a turbações como PSG, Juventus e até Inter de Milão. Mas algum fetiche começou a perceber-se também nesse momento.

Este fetichetem um nome: Frederik Aursnes. Esta é apenas a opinião do autor desta página, que também reconhece que o nordico é um excelente jogador, tratando-se de um problema bastante complexo. Mas para resolver este problema, Roger Schmidt tem inventado várias soluções também elas cada vez mais complexas e confusas, com repercussões catastróficas como a que ocorreu na última quarta-feira, no País Basco.

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A solução era simples…

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Afinal, da primeira época de Roger Schmidt ao leme encarnado, Frederik Aursnes foi uma aposta pessoal que resultou em toda a época, e raros foram os maus jogos do internacional norueguês, verdade seja dita.

No começo teve uma luta interessante à distância com Florentino Luis no meio campo, mas o jovem português teve uma resposta inesperada depois de uma época complicada no estrangeiro. O jogador formado no Seixal ganhou um lugar cativo na companhia de outro indiscutível, Enzo Fernández.

Com o passar das semanas, Schmidt sentiu a necessidade de equilibrar mais a equipa, e David Neres acabou por ser a primeira vítima Outra possibilidade era a saída de João Mário, mas temos que concordar, estava em grande e também dava mais equilíbrio, na na direita e na esquerda da organização ofensiva encarnada, com Rafa por trás do ponta de lança, Gonçalo Ramos. A fórmula funcionou de feição e mesmo quando Neres fazia grandes entradas e reclamava o lugar, Schmidt mostrou-se intransigente, em manter Aursnes na equipa.

Mesmo rodando a equipa, ora Aursnes recuava para o meio campo, ora para a direita e até chegou a jogar no apoio ao ponta de lança. Após a saída de Enzo Fernández no defeso de inverno, depois do grande Mundial do internacional argentino, naturalmente muitos achavam que Neres sairia a ganhar com Arneses a ser deslocado para o coração do campo.

Contudo, as premissas de uma outra teimosia apareceram, com o técnico alemão a querer manter a todo o custo manter as dinâmicas da equipa, procurando transformar outro jogador numa espécie de Enzo. O escolhido foi Chiquinho para grande surpresa de todos, uma vez que o jogador português pouco tinha contado na primeira metade da época. Assim, Arneses continuou no meio campo, a jogar por fora, ora na esquerda ora à direita, em permutação com João Mário.

Neres continuava a justificar a titularidade, mas Roger Schmidt não conseguia decidir quem seria o sacrificado. Afinal, temos que concordar novamente, todos os jogadores habitualmente titulares tinham grande rendimento e Chiquinho também começou a justificar a aposta, pelo menos nas competições intestinas.

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Quando o fetiche deixou de ser segredo

Foi o Superclássico de abril, diante do FC Porto, que permitiu a Roger Schmidt inventar a primeira solução para agradar a gregos e a troianos. O lateral direito da equipa, Alexandre Bah lesionou com gravidade, tendo sido substituído pelo seu suplente natural, Gilberto. O Clássico foi perdido na Luz (1-2) e na jornada seguinte, o Chaves também vencia em casa os encarnados (com Arneses no lugar de Florentino no meio campo, ele que era o ‘6’ que mais garantias dava à equipa).

Eis que na jornada seguinte, após dois desaires consecutivos surgiu a primeira invenção de Schmidt, com uma fórmula simples: “sendo Florentino de facto imprescindível, Chiquinho o meu novo Enzo e João Mário um dos nosso jogadores mais influentes, e se Rafa tem um perfil único e que Gonçalo Ramos é o nosso melhor marcador, então com a saída de longa duração do meu lateral direito titular, já posso incluir o brasileiro sem retirar o norueguês!”. 

Algo semelhante passou pelo espírito do alemão, que acabou por desfazer a pouca confiança do lateral direito suplente, Gilberto. O brasileiro até tinha começado bem a época, mas Bah ganhou-lhe a corrida por ter características diferentes. Mesmo assim, Gilberto tinha demonstrado que tinha valências reais, foi sacrificado e começou a ficar bem patente o fetiche do alemão para o noruegês.

Volto a frisar que o médio da seleção norueguesa também cumpria e tinha um espírito de equipa ímpar. No entanto, todos os elementos do meio campo para a frente rendiam de forma superlativa e evidente que ele. Chiquinho era, no meu ver, o único que de facto poderia ser retirado da equipa, mas não me esqueço que Schmidt não o fez por achar que no português se encontrava o novo Enzo. O que para o consumo interno até se justificava, já que Arneses não emprestava tanto jogo entre-linhas e dinâmicas diferentes.

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Nova época e Schmidt inventa novos problemas

Nova época e Schmidt inventa novos problemas - crise no Benfica

Esta época Alexandre Bah está recuperado, mas Grimaldo saiu… Então Aursnes fez em várias ocasiões de lateral esquerdo, não reunindo as qualidades para essa posição, como ficou evidente na fase em que fez de lateral direito. Na verdade, o defeso trouxe um ícone para a Luz: o campeão do mundo Di Maria, voltou à Luz!

Foi perceptível no início da época que Di Maria tinha sido mais uma imposição do Presidente Rui Costa e dos adeptos encarnados, depois da substituição inesperada da coqueluche benfiquista no Bessa. Por outro lado, Tiago Gouveia, sempre que entra, também chama por mais minutos e Gonçalo Guedes vai recuperando o ritmo competitivo. No meio campo, nasceu um novo amor para Schmidt, este partilhado pelo adeptos: João Neves.

No último defeso, Jurasek foi comprado para substituir Grimaldo na lateral esquerda, e Juan Bernardt também chegou proveniente do Paris Saint Germain. O primeiro lesionou e o segundo, que não fez pré-época, tampouco tem sido aposta, uma vez que afinal é o lugar ideal para ‘não tirar Arneses’. Vamos ser sinceros, nenhum dos dois têm convencido, mas por outro lado, nem lhes são concedidos minutos suficientes para ganhar ritmo e entrosamento, uma vez que raras vezes são opção.

Florentino foi quem mais perdeu, passando de titularíssimo a jogador quase nunca utilizado, com a explosão de João Neves, para jogar ao lado do jogador mais caro da história encarnada: Kokçu. O internacional turco foi comprado a peso de ouro para substituir Enzo e preencher a saudade que deixou no coração de Schmidt. O peso da transferência também pesa e o ex-Feyenoord não se tem conseguido impor.

Com uma equipa a não render, com todas as linhas sem vários titulares definidos (laterais, médios, extremos e ponta de lança), Roger Schmidt acabou por cometer mais um pecado…. O sistema passou de um 4-3-3 para um 3-4-3 pouco convencional, onde definitivamente, Aursnes não pode caber. Nem ele nem outros.

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A gota de água?

O jogo de quarta-feira marcou o regresso de Florentino à titularidade (ao mais alto nível) num sistema novo, ele que nunca mereceu perder o lugar. Fê-lo num jogo de exigência máxima, na Anoeta, que o Benfica tinha a obrigação de ganhar. À semelhança do que fez com Gilberto, Roger Schmidt começou por diluir a confiança do jovem médio ao longo das semanas, o que resultou no segundo golo espanhol de quarta-feira, em que Florentino é o principal culpado…

Na teoria, um sistema com três defesas centrais requer dois homens aos quais são dados os corredores. Na prática, estes corredores costumam ser dados a laterais bastante rápidos, fortes e com muito pulmão, acima de tudo por conhecerem melhor do que ninguém aquelas zonas do campo. Um novo sistema que Schmidt adaptou (mais uma adaptação?), entregando os flancos a dois médios. Ora se Arneses é desde abril mais lateral do que médio, poderíamos eventualmente entender a razão de ser o escolhido, embora essa opção nunca tenha sido de sucesso. Mas por que motivo é entregou João Neves a missão quase impossível de fazer o corredor todo de uma equipa desarticulada, levando de frente com Barrenetxea?

Bah não estava, mas estava Gouveia, que sempre que entra demonstra uma grande determinação, empenho e até agressividade, que tem faltado ao Benfica. No fundo, poderia ser algo semelhante ao caso de Galeno com Sérgio Conceição. E como já foi evocado, sempre que entra, o jovem internacional português justifica mais minutos. Mesmo à esquerda, Jurasek poderia muito bem ter sido titular.

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Entre fetiche e teimosia

Mas no fundo, por que motivo optar por um sistema que requer jogadores que não se tem? Tudo porque, afinal, João Neves acabou por ser uma nova teimosia do treinador, a juntar a Aursnes e a outros jogadores intocáveis como Rafa Silva. De facto, o antigo internacional português tem tido uma época muita abaixo das expectativas e quando assim é, acaba por desequilibrar a equipa, que costuma compensar com rasgos geniais em velocidade.

Uma vez mais, a qualidade de João Neves é inegável, mas se não for opção para o coração do jogo, então deixa de fazer sentido. Apesar de apontarmos que o facto de o treinador alemão não querer abdicar de Aursnes acabou por ter vários impactos negativos (jogadores em boa fase ou em crescimento sacrificados, e até um novo sistema tático inexplicável), o culpado é Roger Schmidt.

O treinador será sempre o grande responsável pelo mau momento da sua equipa, ainda mais quando este tem um fetiche problemático e uma incapacidade para aportar novas ideias. Ficou parado no tempo a pensar em Enzo Fernández e o mesmo se passou com Gonçalo Ramos, não conseguindo colmatar estas saídas, nem com dinâmicas novas, nem comprando os jogadores que quer ter.

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Reação imediata de Schmidt esperada no Dérbi Eterno

Reação imediata de Schmidt esperada no Dérbi Eterno

No próximo fim de semana, e mais precisamente no domingo 12 de novembro, o Estádio da Luz vai ter ares de tribunal, e vai ser julgado o comportamento da equipa e de Roger Schmidt num caso prático bastante elucidativo. A Luz vai encher para receber o rival e líder isolado do Campeonato, Sporting.

Neste momento, o Benfica é segundo classificado com 25 pontos, e terá a oportunidade de alcançar o rival verde e branco, que tem 28 pontos neste momento! Frente a um Sporting em excelente forma, sob o comando de um Rúben Amorim cada vez mais perto da fórmula ideal, tanto nas ideias, no esquema como nas dinâmicas, o técnico alemão tem um duelo estratégico à sua espera.

Em caso de derrota, o Benfica aumentará a distância para o líder, ficando então com 6 pontos de atraso. No sábado (dia anterior), o terceiro classificado, FC Porto, vai a Guimarães para enfrentar o Vitória. Com 22 pontos, os homens de Sérgio Conceição poderão apanhar os rivais na classificação e terão uma atenção especial para com o o Dérbi de Lisboa.

Onde ver o Benfica - Sporting?

O Dérbi Eterno, entre Benfica e Sporting a contar para a 11.ª jornada da Liga Portugal, tem início marcado para às 20:30 de Portugal continental, no Estádio da Luz. O jogo será transmitido em direto na Benfica TV. Quem não for assinante do canal do Benfica, pode acompanhar todos os lances da partida através do nosso Livescore da Liga Portugal. Estatísticas, comentários, e principais incidências, tudo que se estivesse em frente ao seu televisor.

Quem é o favorito do Benfica vs Sporting?

Por jogar em casa, no Estádio da Luz, o Benfica é apontado como favorito deste Dérbi de Lisboa, frente ao Sporting. Pode ver as melhores odds para apostar no desfecho do encontro entre Benfica e Sporting:

Benfica (1)Empate (X)Sporting (2)
2.2 na Betano3.5 na Bwin3.1 na Bwin

Para um acompanhamento mais preciso, tendo em conta a flutuação das odds, não hesite em conferir o nosso comparador de odds da Primeira Liga. Em caso de lesão de última hora ou demais notícias, uma vista de olhos pode ser interessante.

Aposte no Benfica - Sporting